quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Girassóis de Batatais


Os girassóis espalhados no campo,

dobrados por um torcicolo, dormem.
Vão sonhando o sol fazer as manhãs,
vão ofertando o mel e os grãos enormes.

É no olhar dos girassóis que se vê

o feitiço do sol, também da estrela.
É com essa paixão que esses grãos têm
pelo dia que pela noite vão tê-la.

Suas sementes são das aves verdes,

que se nutrem nos seus cofres de ouro,
que surgem súbitas no céu sem rede,
arremessando ao ar as vozes roucas..

Mas não são esses os girassóis da Rússia,

tampouco os holandeses que a Van Gogh
enlouqueceu; e o pintor, tão lúcido,
botou-os na lapela, a mente grogue.

Há nesse vale girassol poeta...

Olho no olho do nó dessa vida,
urdindo versos da morte secreta,
no céu contando os sóis da despedida.

À noite os girassóis giram à lua,
abrem doces casulos de sereno
e amam ver a lua só e nua,
a modular no banho a voz amena

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