terça-feira, 2 de junho de 2020

COROADO VÍRUS


   COROADO VÍRUS

O Amor, neste tempo
de pandemia, assume
seu plantão, usa máscara,
e vive de esperanças.

Na terra desolada,
olhos cegos nas casas
vivem sem teto ou chão.
De mil janelas voam
bilhetes eletrônicos  
curtindo o tédio e o medo.

Nas portas veem-se tarjas,
sinal de um x nas testas.
Ao léu, corpos levitam
levados por formigas.
Na balança invisível
ninguém está pesando.

Não há cova nem cruz,
há ronda vã de aves
e o ruminar dos vermes.
Para quem vão as lágrimas
que as retinas merejam?

Uns noventa nanômetros
mede esse rei micróbio.
Tem coroa, e seu reino
cresce e se multiplica
na carne orgulhosa.

Orem ao Deus azul
que anda de sandálias
na vasta terra nossa.
Velem corpos de pó
que rezaram e morreram.



Nenhum comentário:

Postar um comentário