COROADO VÍRUS
O Amor, neste tempo
de pandemia, assume
seu plantão, usa máscara,
e vive de esperanças.
Na terra desolada,
olhos cegos nas casas
vivem sem teto ou chão.
De mil janelas voam
bilhetes eletrônicos
curtindo o tédio e o medo.
Nas portas veem-se tarjas,
sinal de um x nas testas.
Ao léu, corpos levitam
levados por formigas.
Na balança invisível
ninguém está pesando.
Não há cova nem cruz,
há ronda vã de aves
e o ruminar dos vermes.
Para quem vão as lágrimas
que as retinas merejam?
Uns noventa nanômetros
mede esse rei micróbio.
Tem coroa, e seu reino
cresce e se multiplica
na carne orgulhosa.
Orem ao Deus azul
que anda de sandálias
na vasta terra nossa.
Velem corpos de pó
que rezaram e morreram.
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