Quando chegar minha hora,
tragam-me as flores mais simples
para morrerem comigo.
Das mais belas, escolham:
cravos e jasmins e rosas
e ramos de ipê nas cores
branca, roxa e amarela;
não machuquem sua pétalas
não as murchem com o óleo
das orações e das lágrimas,
pois vou levá-las a Deus
que as esqueceu aqui
e talvez não saiba delas.
Não vertam sal sobre mim,
sobre meus olhos fechados,
nem dores tardias, nulas
para ouvidos descampados.
Se escutarem no meu sino
o sino de suas mortes,
inútil, não levo dor
nem recado de clemência.
Levarei tão-só um hálito,
suspiro póstumo, mudo,
para devolver a Ele.
Com pouco, com brisa morta,
de igreja deserta, Deus,
sopre vida em outro barro!
Por fim consagro, imolado,
o silêncio derradeiro
(moeda na boca sábia),
e meu coração de pedra
ao barco leve das nuvens.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário